Epílogo da Psique

Psique é um termo surgido do grego, mais especificamente da palavra Psychē que significa para os gregos a representação da alma humana. Para os gregos o mito de Psychē representa as dores e vicissitudes humanas. O caminho de um ser humano em descobrir através de sua vida aquilo que há de mais essencial e primordial dentro dele próprio, sua vida.

Na psicanálise trabalha-se com o preceito fundamental da existência de um inconsciente, uma grande parte de cada existência que se estrutura de forma anônima em cada personalidade.

Podemos fazer a imagem que a personalidade é uma peça de teatro, na qual o consciente são os atores que estão atuando e dando frente ao espetáculo. E o inconsciente seria toda a equipe que atua por trás das cortinas: Maquiadores, diretores, técnico de áudio, de iluminação, coreógrafos, ou seja, membros que também construíram e fazem parte da obra, porem não estão visíveis.

Utilizando a metáfora da peça de teatro, onde está à essência de todo o show que se presencia? Está na linha de frente, nos atores? Ou na linha de trás, na equipe de apoio? Bem, como psicanalista eu diria que a peça se transmite essencialmente em todo seu conjunto, consciente e inconsciente, cujo todo é maior que soma de suas partes (pegando emprestado o termo da Gestalt).

Quando paro para ouvir um novo paciente, na grande maioria dos casos, a primeira fonte de trabalho num processo analítico consiste em demonstrar existência de um palco de fundo, uma existência inconsciente operando por de trás do cenário na qual sua vida é representada. E ali, com este contato, inicialmente sutil, e com o tempo gritante, cada pessoa começa a reconhecer que dentro de todo espetáculo de sua existência há uma linha fundadora, um sinthoma fundamental que enôda e costura cada ato, ação e reação que o constitui. E por assim dizer cada pessoa entra em contato com o que há mais fundo dentro dela própria, podendo sentir ai a sua própria vida.

Matheus Leão

Psicólogo Clinico

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